OTHER TYPES OF WORKS

  • 08-1984-capa-desenvolvimento-e-crise-no-brasil-1930-1983
  • 09-1993-capa-reformas-economicas-em-democracias-novas
  • 16-2015-capa-a-teoria-economica-na-obra-de-bresser-pereira-3
  • 15-1968-capa-desenvolvimento-e-crise-no-brasil-1930-1967
  • 03-2018-capa-em-busca-de-desenvolvimento-perdido
  • 12-1982-capa-a-sociedade-estatal-e-a-tecnoburocracia
  • 05-2009-capa-mondialisation-et-competition
  • 11-1992-capa-a-crise-do-estado
  • 13-1988-capa-lucro-acumulacao-e-crise-2a-edicao
  • 01-2021
  • 17-2004-capa-em-busca-do-novo
  • 2014-capa-developmental-macroeconomics-new-developmentalism
  • 05-2009-capa-globalizacao-e-competicao
  • 10-1998-capa-reforma-do-estado-para-a-cidadania
  • 05-2010-capa-globalization-and-competition
  • 06-2009-capa-construindo-o-estado-republicano
  • capa-novo-desenvolvimentismo-duplicada-e-sombreada
  • 01-2021-capa-new-developmentalism
  • 07-2004-capa-democracy-and-public-management-reform
  • 2006-capa-as-revolucoes-utopicas-dos-anos-60
  • 04-2016-capa-macroeconomia-desenvolvimentista
  • 02-2021-capa-a-construcao-politica-e-economica-do-brasil
  • 05-2010-capa-globalixacion-y-competencia
  • 09-1993-capa-economic-reforms-in-new-democracies
  • 10-1999-capa-reforma-del-estado-para-la-ciudadania

Pacificação

Luiz Carlos Bresser-Pereira

Nota no Facebook, 25.5.2017

.


A notícia de Folha de hoje segundo a qual “as articulações para a substituição do presidente Michel Temer evoluíram nas três principais forças políticas do país –PMDB, PSDB e PT– e agora envolvem diretamente três ex-presidentes da República: Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e José Sarney” é uma excelente notícia. Um acordo mínimo patrocinado por senadores encabeçados pela senadora Katia Abreu e envolvendo os três ex-presidentes abriria caminho à pacificação nacional, hoje tão necessária.

Hoje, depois da crise em que se envolveu Michael Temer, ficaram claras duas coisas: primeiro, que ele não tem mais condições de se manter na presidência da República; e, segundo, que a discussão sobre a reforma da previdência e a reforma trabalhista precisam esperar a eleição de um novo governo em 2018. Temer não se desmoralizou apenas no plano moral; o fato de ter adotado reformas neoliberais radicais que jamais estiveram na sua agenda política representou uma traição a seus eleitores e foi igualmente desmoralizante.

O acordo mínimo agora necessário deve, a meu ver, conter três pontos: primeiro, o novo presidente eleito por eleição indireta deve ser uma figura neutra partidariamente que se disponha a presidir de forma imparcial as eleições do próximo ano; segundo, a discussão das reformas liberais fica adiada para 2019; e, terceiro, o governo toma novas medidas de curto prazo para apressar a saída da recessão.

Observe-se que pensei melhor e abandonei a proposta de eleição direta para a substituição de Temer que defendi nesta página. Concluí que uma eleição direta para ocupar o governo durante um período muito curto não faz sentido. Apenas prolongará e exacerbará a crise política.

Será possível o acordo mínimo acima referido? A crise tornou-se tão profunda que minha resposta é sim. O impeachment foi decretado em um momento em que o liberalismo financeiro-rentista, apoiado pela operação Lava Jato, havia conseguido passar a ideia que a corrupção ocorrera principalmente no PT. Foi essa crença que levou a classe média a participar de grandes manifestações populares. Mas agora, com os escândalos envolvendo também o PMDB e o PSDB, o liberalismo moralista deixou de fazer sentido, e os brasileiros estão começando a pensar e a voltar a fazer política, ao invés de serem tomados pelo ódio e pela luta de classes de cima para baixo.

Vamos esperar que o acordo que começa a se delinear ganhe força. Restabeleceremos, assim, o acordo básico que caracteriza todos os regimes democráticos; um acordo que não visa resolver os conflitos, mas voltar a fazer política para resolvê-los. Um acordo entre Fernando Henrique Cardoso e Lula, entre o PT e o PSDB, com participação de José Sarney e o apoio do Senado é hoje não só possível, mas urgente.