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O Futuro da ALCA

Luiz Carlos Bresser-Pereira

Valor, 17.4.2001

Letter about the mistaken study of the Nafta's effects on employment in the United States and Canada and the average income wages in Mexico.

Senhor editor,

A matéria "Estudo questiona sucesso do Nafta e alerta para Alca", relatando "um estudo" que demonstraria, entre 1993 e 2000 perda de 766 mil empregos nos Estados Unidos e no Canadá 276 mil empregos, e queda de 20,6 por cento nos salários industriais no México, é um equívoco jornalista a partir de um erro de economistas enviezados ideologicamente. O jornalista deixou de informar que o estudo foi realizado por um think tank - o Economic Policy Institute (cujo nome aparece apenas como fonte da tabela) - que representa a posição dos trabalhadores sindicalizados em Washington. Esse instituto opôs-se sempre à Nafta, e agora à Alca, porque  nos dois países mais ricos o livre-comércio pressiona para baixo os salários. Já a afirmação de que produz desemprego, está baseada em cálculo fantasioso, sem o menor sentido. Um acordo de livre comércio redireciona o emprego, mas não o diminui. Pelo contrário, se a economia for incentivada, a renda total cresce, e com ela o emprego. Foi o que ocorreu com a economia americana. Até o  final de 2000 havia pleno emprego nos Estados Unidos. No México, entretanto, além de aumentar o emprego, como o estudo reconhece, a Nafta deve ter como conseqüência aumentar os salários médios, não diminuir. A queda de salários no país mais pobre em função de um acordo de livre-comércio não faz sentido econômico. A queda apontada no estudo deveu-se, integralmente, à desvalorização do peso mexicano em 1995 - uma desvalorização real por definição reduz salários -, não à Alca. Usando os dados da própria matéria, de 1994 para 1996 os salários reais na indústria caíram 23.4 por cento.

Luiz Carlos Bresser-Pereira